O Coelho R1 é um dos dois dispositivos que deveriam ter revolucionado o conceito de smartphones; o outro foi o Humane AI Pin, mas como estamos falando no passado, você já deve ter entendido que nenhum deles conseguiu.

Na verdade, a primeira experiência prática do Coelho R1 chegou nos últimos dias e, embora o resultado não tenha sido tão catastrófico quanto o do AI Pin, talvez também graças ao preço muito mais baixo (US$ 199), o veredicto ainda é amargo.

Coelho R1: como funciona

O Coelho R1 é um assistente digital alimentado por inteligência artificial. Parece um pouco com um smartphone, mas mesmo à primeira vista fica claro que é algo diferente. E precisamente este desejo de originalidade revelou-se um erro.

Na mente dos seus criadores, o R1 foi concebido para dar corpo e voz ao modelo linguístico presente dentro dele. Um dispositivo feito sob medida para inteligência artificial, com capacidade de falar com o seu proprietário e fornecer informações sobre o ambiente envolvente, nomeadamente com tradução bidirecional.

Na prática, porém, o Coelho R1 é um dispositivo ruim em muitos aspectos. Queremos dizer que o mostrar é escasso, o palestrante é escasso, a câmera é escassa, a autonomia é ultra pobre (nem mesmo 2 horas de uso intenso no momento).

Também sua característica roda lateral é pobre, no sentido de que por um lado é obrigatório utilizá-lo para elementos de interface nos quais os controles de toque teriam sido mais convenientes (mas em vez disso são inibidos) e, por outro lado, não é de muita utilidade em geral.

Mas o que seria o Coelho R1 se não tivesse uma roda de rolagem e uma câmera giratória e, em vez disso, houvesse apenas mais espaço para a tela? Você adivinhou: um smartphone! (mais ou menos). Na verdade, como já mencionado, seu próprio desejo de se destacar ia contra usabilidade igual ao próprio dispositivo.

E quanto à parte real da inteligência artificial? Acerta e erra melhor que o AI Pin pelo menos na compreensão da linguagem natural.

Porém, com todas as limitações decorrentes da “pequenez” do próprio aparelho, que não oferece muito para interagir.

Que fique claro que estes são impressões resumidas derivadas de vários hands-ons que estão saindo atualmente dos EUA, onde começaram as primeiras entregas do Coelho R1. Reservamo-nos um julgamento final somente depois de tentar pessoalmente, e talvez enquanto isso algumas atualizações de software tenham melhorado as coisas, mas é claro que qualquer expectativa já poderíamos ter feito está fortemente reduzida.

Poderia ter sido um aplicativo?

A questão surge espontaneamente. Que necessidade havia de fabricar novos dispositivos tão falaciosos, quando seria suficiente fazer um aplicativo bem feito? Do ponto de vista lógico, nenhum, mas do ponto de vista prático o aplicativo teria sido igualmente um fracasso, com uma monetização ainda pior.

Sim, porque o Coelho R1 ainda custa US$ 199, enquanto o AI Pin custa até US$ 699.

Com esses preços certamente ninguém teria comprado um aplicativo! Na verdade, ambas as empresas correram para chegar ao mercado, mesmo ao custo de serem tão incompletas, com algo que não tinha que ser necessariamente um smartphone, caso contrário ninguém o teria comprado. E a razão é simples.

O Google Gemini já começou a substituir o Assistant, e sua difusão provavelmente será ainda maior após o Google I/O em maio. A Apple também está se preparando para integrar IA em seus produtos. Nesse ponto, que espaço os dispositivos rivais terão, quando os bilhões de iPhones e Androids já em circulação terão seus próprios assistentes integrados ao próprio sistema operacional?

Não só isso, mas esses assistentes beneficiarão de câmeras de primeira classe, ecrãs grandes e de qualidade e, acima de tudo, sistemas operativos sólidos e comprovados, com os quais poderão interagir em um nível baixo para dar vida a novas formas de controle dos próprios smartphones.

Este último aspecto é muito importante, porque ninguém conseguirá fazer isso, além do Google e da Apple. Na Apple é praticamente uma certeza que nenhum assistente de terceiros conseguirá interagir com o iPhone da mesma forma que o Siri (ou quem quer que seja), e também no Google permite-nos ter fortes convicções sobre os limites que os aplicativos de terceiros terão; ou melhor, nas postagens que não terá Gêmeos.

Então não, o Coelho R1 não poderia ser um aplicativo, porque ela não iria a lugar nenhum, não teria sido capaz de emergir. Sua única esperança era criar um nicho para si mesmo, atrair atenção e talvez ser assumido por alguém maior. Vendo como as coisas têm corrido até agora, a última probabilidade é cada vez menor.